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Renault e Geely fecham aliança estratégica no Brasil

Autor auto.pub | Publicado em: 04.11.2025

No início de novembro, os holofotes do setor automóvel alternaram entre Paris e Hangzhou, quando o Grupo Renault e o Geely Holding Group anunciaram uma parceria estratégica reforçada na América do Sul. Segundo a Reuters, o acordo atribui à Geely uma participação de 26,4% na Renault do Brasil, tornando o grupo chinês acionista minoritário, enquanto a Renault mantém o controlo maioritário.

De acordo com o comunicado oficial da Renault, a parceria abrange operações industriais e comerciais. A Geely terá acesso ao complexo industrial da Renault em São José dos Pinhais, no Paraná, onde se situa a conhecida fábrica Ayrton Senna. Isto permitirá ao construtor chinês produzir e comercializar os seus próprios veículos lado a lado com os da Renault no Brasil.

Em contrapartida, a Renault beneficiará da plataforma GEA de novas energias da Geely para expandir a sua gama de veículos elétricos e de baixas emissões. Como destacou a Electrive.com, o objetivo é transformar o Brasil num dos principais mercados da Renault na América do Sul, reforçando a estratégia global de eletrificação do grupo.

A Reuters acrescentou que os veículos de ambas as marcas — incluindo o SUV elétrico Geely EX5 — serão fabricados na mesma unidade que atualmente produz modelos Renault. As vendas e a distribuição serão asseguradas pela rede de concessionários da Renault, que conta com mais de 300 pontos em todo o Brasil.

O Brasil representa mais de 40% das matrículas de automóveis novos na América Latina, tornando-se um mercado estratégico para ambos os fabricantes. Para a Renault, o movimento reforça a sua presença regional, complementando a produção do Duster, Kwid e Oroch. Para a Geely, é uma entrada direta num grande mercado, sem o custo de criar infraestruturas de raiz.

A Automotive World observou que este acordo reflete uma tendência mais ampla do setor, com construtores europeus e asiáticos a unirem esforços para partilhar custos de produção e acelerar a eletrificação. A aliança Renault–Geely já inclui a Renault Korea Motors e a joint venture Horse Powertrain, dedicada ao desenvolvimento de sistemas híbridos.

Ao contrário de muitas alianças automóveis do passado, movidas por idealismo, esta parceria é pragmática. A Renault ganha acesso à tecnologia e à produção eficiente da Geely, enquanto a Geely assegura presença num mercado estável e de grande volume. Ambas reforçam as suas gamas elétricas, e o Brasil beneficia com novos empregos e investimento.

No panorama global, o acordo sublinha uma nova realidade para a indústria automóvel: a sobrevivência já não depende do orgulho nacional, mas de parcerias que reúnem engenharia, capital e conhecimento local.