Cupra León VZ: 325 cv e tração dianteira, músculo ou excesso?
A Cupra apresenta mais uma edição especial que promete abalar fronteiras, mas o novo León VZ parece mais um exercício estratégico de força do que uma necessidade real. O compacto de tração dianteira ostenta 325 cavalos, um número que chama a atenção, mas a proposta comercial e a utilidade prática não se encontram a meio caminho.
Se deixarmos de lado o entusiasmo do comunicado de imprensa, o León VZ é simplesmente a versão mais potente do hatchback até hoje. O motor 2.0 TSI turbo debita 325 cavalos e 420 Nm, e a Cupra faz questão de mostrar que a tração dianteira ainda não é coisa do passado. O marketing fala no início de uma nova era, mas na prática trata-se de uma série limitada a 1.500 unidades, pensada mais para colecionadores do que para o dia a dia.
Os números impressionam: dos 0 aos 100 km/h em 5,4 segundos e velocidade máxima de 270 km/h. O problema é evidente: toda essa força passa para o asfalto apenas pelas rodas dianteiras. A física acaba sempre por se impor, por muito que o diferencial eletrónico VAQ tente manter tudo sob controlo. A Cupra fala em precisão e intensidade, o que é uma forma elegante de dizer que o volante pode lutar consigo à saída das curvas.
A base é a conhecida plataforma MQB Evo, aqui com molas mais rígidas, direção mais direta e amortecedores adaptativos DCC. O escape quádruplo em tom Copper promete uma banda sonora Cupra emocional, ou, dito de outra forma, um ruído que os vizinhos provavelmente dispensariam.
No interior, a receita mantém-se: cromados escuros, um toque de desportividade sombria e muitos ecrãs digitais. Nada de errado, nada de surpreendente. E embora o material promocional insista no ADN de competição da marca, a sensação geral é de uma atualização bem executada, mas longe de qualquer revolução.
O León VZ destina-se a quem quer números impressionantes na garagem, mas não pretende, ou não pode, entrar no universo da tração integral e dos mais de 400 cavalos.
As vendas arrancam no primeiro trimestre de 2026.
