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SWM G05 Pro

SWM G05 Pro: Sete Lugares e Uma Pergunta: Isso é Mesmo um Carro?

Author: auto.pub | Published on: 24.06.2025

A história começa em 1971, nos arredores de Milão, quando um grupo de entusiastas decidiu que o mundo precisava de mais motocicletas. Assim nasceu a SWM, uma empresa que, nos primeiros anos, construiu motos que realmente competiam de igual para igual no cenário europeu. Nos anos 1970 e 1980, essas motocicletas chegaram a vencer campeonatos e conquistar prêmios. Por um breve instante, parecia que a SWM seria o novo grande nome do universo das motos. Mas aí vieram os anos 1980, trazendo consigo tudo o que havia de estranho: discoteca, ternos em tons pastel e, claro, o tradicional movimento empresarial italiano — a falência. Onde poderia ter florescido um futuro promissor, restou apenas um suspiro de dívidas e sonhos despedaçados. Isso poderia ter sido o fim — trágico, porém digno, como uma Vespa enferrujada abandonada no quintal de uma casa em Roma. Mas não. Sempre existe, em algum canto do planeta, um empresário chinês com dinheiro de sobra, ambições inexplicáveis e poucos conselheiros sensatos. Em 2014, o nome e o logo da SWM foram comprados. Não as motos, nem os engenheiros — só a marca. Começou então a produção de SUVs grandes e acessíveis, vestidos modestamente com listras tricolores italianas. Os investidores chineses chegaram a abrir um estúdio de design em Milão. Afinal, basta aplicar uma faixa verde-branca-vermelha no capô e pedir para um estagiário italiano retocar a grade no Photoshop e, pronto: “disegnato in Italia.” Em 2016, a SWM Automotive entrou no mercado declarando: “Temos carros acessíveis com um toque de pizza na campanha de marketing!” E, para surpresa geral, a estratégia funcionou. Principalmente na China, onde o público é a) muito corajoso, b) bastante tolerante ou c) apaixonado por qualquer coisa com um ar italiano. Agora, em 2025, chegamos ao momento mágico em que a SWM vende seus carros na Europa. São como pratos italianos em redes de fast food: algo está certo, algo está errado, mas a porção é tão grande que você aceita. Apresento o protagonista, o SWM G05 Pro: fruto improvável e levemente infeliz da indústria italiana e chinesa. Se você achava que a relação entre Itália e China se limitava a máquinas de macarrão de plástico ou jeans “Armani” que desmancham antes de sair de casa, não está tão longe da verdade. A relação é parecida com a do G05 Pro com um carro de verdade. Mas não se engane! A SWM conseguiu criar um veículo que, à distância, parece absolutamente normal — ou pelo menos como o desenho de um BMW feito por uma criança do interior. E o carro é grande. Não apenas grande: enorme, como se desse para fazer uma festa de vila lá dentro. Sete lugares! Um porta-malas capaz de guardar suas esperanças, sonhos e umas três caixas de batatas. Apesar do passado agitado e da mistura inusitada de sonho italiano e pragmatismo chinês, o SWM G05 Pro tem seu charme. Lembra aquele cachorro desengonçado que mastiga seu cadarço e depois olha pra você com olhos pidões, quase dizendo: “Por favor, não me deixe no posto de gasolina!” E você, sendo uma pessoa boa, não consegue. No fundo, sabe que o carro não é perfeito. Mas oferece uma experiência única. Bem-vindo ao mundo do SWM G05 Pro! Começando pela dianteira, a grade frontal de padrão 3D domina tudo. Se alguém chegar na sua casa, verá a grade antes do carro. Acima dos faróis halógenos, uma faixa de LED fina dá um toque moderno, quase como um hamster irritado te observando de canto de olho. Atrás, as lanternas misturam ideias alemãs e japonesas, atravessando toda a largura do carro como uma pista de atletismo iluminada. Imagine jogar um conceito da BMW no liquidificador com a barra de LED de um Lexus RX e servir num copo barato. O resultado surpreende positivamente. O perfil lateral é limpo e simples, como se o time de design tivesse decidido: “Dessa vez, nada de complicações!” Sem vincos desnecessários ou modismos. Apenas muito cromado. Molduras de janela cromadas, detalhes nas portas, cromado onde desse para colocar. E tem até o famoso “Hofmeister kink” na janela traseira — clássico alemão! É como uma Mona Lisa de camelô pendurada no posto: você reconhece a inspiração, mas prefere passar direto. Na verdade, o G05 Pro não parece uma cópia chinesa qualquer. É um crossover respeitável, discreto, até aceitável. Alguns detalhes são exagerados, mas ele ficaria bem tanto na frente de uma mansão suburbana quanto no estacionamento do supermercado, sem que você seja alvo de piadas. Por dentro, o destaque é o espaço. Tem mais espaço para as pernas do que em alguns voos de classe executiva, e lugares suficientes para levar metade dos seus amigos do Facebook — não que você queira. Materiais? À primeira vista, tudo parece bem. Ao toque, o “couro” lembra uma Louis Vuitton de dez euros comprada num bazar turco. Mas é macio — talvez até demais. O volante parece feito de um tapete de yoga velho moldado no ferro quente. O painel é largo, todo em plástico. O sistema multimídia funciona — mais ou menos! Se você pedir com jeitinho e não exigir muito, ele responde. A tela é lenta, mas responde. Os bancos são enormes e largos, feitos para sentar e quase deitar. Dá para viajar horas, mesmo sem nunca achar a posição ideal. A terceira fileira existe mais na teoria, porque na prática é só para quem não tem pernas ou gosta de sofrer. Sente ali e entenderá o drama das sardinhas na lata. O toque final? Pequenos detalhes tricolores italianos aqui e ali, lembrando delicadamente que, de algum jeito, este carro tem ligação com Milão. O interior do SWM G05 Pro é como um Cadillac de baixo orçamento: espaçoso, confortável, cheio de boas intenções. Tudo é um pouco macio demais, um pouco plástico demais, um pouco engraçado demais — mas totalmente utilizável. Dirigir é uma experiência impossível de descrever com números. Tem que viver. É como cruzar um mundo otimista, suave e alegre, onde a física só se aplica quando quer. Com sete lugares, mais cromados que uma discoteca dos anos 1990 e lanternas que servem de balizamento de aeroporto, você já sabe que vem coisa diferente. E o G05 Pro não decepciona. Ao apertar o botão de partida, o motor responde com um ronco tímido, quase um miado de gato gripado. O 1.5 turbo entrega oficialmente 139 cv, trabalhando com o mesmo entusiasmo que você na segunda-feira: lento, mas faz o serviço. Pisa fundo e... nada acontece. Depois, talvez na semana seguinte, com os astros alinhados e semáforos verdes, o carro começa a se mexer. Tentar acelerar? Esqueça. O zero a cem demora tanto quanto o governo italiano para formar uma coalizão. Quando chega na terceira marcha, você já está pensando na vida ou em receitas de sopa. O câmbio automatizado de sete marchas, na teoria, é um prodígio da tecnologia moderna. Na prática, funciona como um pastor cego num vale com neblina: boa vontade, mas sem rumo certo. Às vezes troca de marcha quando você menos espera. Outras vezes, pensa se vale o esforço. Espere trancos a cada aceleração ou frenagem mais forte. A direção lembra um saco de batatas equilibrado num colchão: você gira o volante e o carro pensa no assunto. Para o G05 Pro, curva é sugestão, não ordem. Ele vai na direção escolhida, mas com preguiça. Em curvas, a carroceria inclina como cantor de blues bêbado em noite de tempestade — parece que o carro gostaria de abraçar o meio-fio, mas é educado demais para isso. A suspensão? McPherson na frente, eixo de torção atrás — combinação que transmite cada buraco direto para a sua coluna em Dolby Surround. Na terra, você ganha massagem grátis: pancadas no joelho, talvez até uma leve concussão. O segredo é ir devagar. Assim, chega inteiro ao destino. O consumo declarado é 8 litros por 100 km. Na prática, com ar condicionado, rádio ou qualquer aceleração, chega fácil nos 12 litros. Os sistemas de segurança cumprem o que manda a lei. Tem câmera de ré e sua intuição, torcendo para nada dar errado. Não confie muito no assistente de frenagem. Ele faz algo, mas se você pisar no pedal errado, vai atravessar a porta da loja e só vai parar no meio do caos, poeira e teto desabando — sendo recebido por um vendedor animado perguntando: “Só uma dúvida: qual seu provedor de internet?” Se existe uma lição na aventura com o SWM G05 Pro, é que o mundo não precisa ser perfeito para ser divertido. Eis um carro com sete lugares, motor que chia como cavalo asmático e comportamento de ferro de passar escorregando no telhado. Mas anda. Sim, é lento. Sim, inclina nas curvas. Sim, o consumo faz você se sentir culpado a cada abastecida. Cada buraco é um evento, cada curva é uma aventura, cada parada é uma oração. É como aquele amigo meio bobo, mas sempre divertido — ótimo para festas, mesmo que dê trabalho depois. O SWM G05 Pro é para você se: Quer um carro grande e barato. Valoriza espaço mais que prestígio. Gosta de ver as pessoas no posto tentando entender que carro é esse. O SWM G05 Pro não é para você se: Espera aceleração que dispense calendário. Quer direção cirúrgica. Deseja freios de Porsche, não de pão francês. É um carro para você balançar a cabeça e depois sorrir: “Bem, pelo menos tem sete lugares e bandeirinhas italianas.” E, às vezes, isso basta.