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Opel Frontera

Como o Opel Frontera se Reinventou e Por Que Pode te Surpreender

Author: auto.pub | Published on: 12.07.2025

Quando uma montadora decide ressuscitar um nome do passado, o resultado costuma ser algo com cara de retrô, discurso de marketing e direção sem graça. Mas nem sempre. Às vezes, surge algo que vai além de uma receita requentada com emblema antigo. O Opel Frontera, antes chamado de "Range Rover dos pobres", está de volta. Só que agora não é mais aquele SUV robusto, de chassi separado, pronto para trilhas enlameadas dos anos 90. Ele virou um carro que o neto do seu tio, morador da cidade, adoraria mostrar no TikTok.

O Frontera não é mais o campeão de vendas aventureiro, acostumado ao barro e à terra. Hoje, ele é um urbano de tênis e camiseta, que até ouviu falar de escalada, mas prefere o estacionamento do shopping, onde o maior desafio é a vaga apertada.

Chamá-lo de "nova versão" é até injusto. Este Frontera é como um remake de filme: mesmo nome, enredo diferente, novo gênero e público renovado. A geração antiga rebocava barcos, era confortável e famosa por ser furtada em tempo recorde. A atual levanta outra dúvida: "Ele compartilha plataforma com a Peugeot?" Sim, e não só a plataforma. É a combinação de base francesa com logo alemão para conquistar famílias, ou pelo menos seus corações.

Isso é ruim? Depende. Fãs radicais de off-road vão se sentir enganados, como quem pediu churrasco e recebeu hambúrguer vegano. Mas para a maioria – e sejamos justos, são muitos – o Frontera entrega quase tudo o que importa. Tem espaço, personalidade e, nas versões elétricas, pode desfilar na feira orgânica com consciência limpa.

O Frontera 2025 lembra um ex-roqueiro agora de gravata, corretor de imóveis: menos rebelde, porém surpreendentemente adequado. E, convenhamos, não é mais alvo fácil para ladrões – por vários motivos.

O novo Frontera não passa despercebido. Ele quer ser notado. Não é Range Rover, nem Subaru Outback, mas tem um ar de confiança, como se tivesse cruzado um brejo, mesmo que só conheça bairros urbanos e café em copo reutilizável.

O design segue a linha "Bold and Pure" da Opel: dianteira robusta, linhas limpas de móvel escandinavo. A grade Vizor domina a frente, como uma sobrancelha sobre faróis de LED afilados. No centro, o novo logo "Blitz" preto, discreto no acabamento GS, quase invisível – uma provocação sutil para quem ostenta marcas.

O para-choque trapezoidal reforça o visual agressivo. Detalhes pretos e proteções plásticas sugerem coragem para encarar cascalho, mesmo que lama pesada seja demais.

De lado, o Frontera é angular e quadrado, traço herdado do Crossland, mas com pilar C distinto que separa o traseiro e lembra, de longe, um Land Rover menor – se você for otimista ou tiver os óculos embaçados. Vincos fortes no capô sugerem academia para designers. O teto reto insinua espaço para uma terceira fileira, mantendo o conjunto compacto – tipo uma camisa passada com um mapa no bolso que ninguém usa.

A traseira é prática: porta-malas grande e lanternas em L, dando um efeito de dois andares, quase estilo Volvo, embora talvez escandinavo demais para a Opel. O spoiler é discreto – como um tio conservador que não dança, mas vai a todos casamentos.

O acabamento GS eleva o visual: pintura bicolor, rodas de 17 polegadas, detalhes pretos e um ar premium. E a antena chicote. Sim, em 2025. Num mundo de cafeteiras com Wi-Fi, o Frontera traz algo que deve quebrar no primeiro lava-rápido. É como se tudo estivesse certo, até alguém decidir usar meia por cima do tênis.

Por dentro, o clima é de loft funcional: feito para usar, não só exibir, e isso é um elogio. O Frontera não tenta ser o que não é; oferece interior prático e bem pensado. Como ferramenta alemã: nem sempre bonita, mas confiável quando tudo mais falha.

O destaque é o Pure Panel, conjunto de duas telas digitais de 10 polegadas (em 2025!). O painel de instrumentos digital é claro e direto. A central multimídia levemente voltada ao motorista tem gráficos nítidos, animações suaves e códigos de cor – branco para o modo padrão, azul para elétrico – que criam ambiente sem precisar de luz extra.

Outro charme: botões físicos de verdade. Nada de só superfícies de vidro difíceis de manusear dirigindo. O ar-condicionado tem comandos próprios, e há teclas ao lado do volante para, por exemplo, silenciar o alerta de velocidade antes de perder a paciência. Soluções sensatas.

Os materiais são, em sua maioria, plásticos rígidos, mas bem acabados – não são baratos, são robustos, como um móvel montado em casa que não range. Pequenos truques úteis incluem elásticos nos porta-copos e a Flex-strap no console central para segurar tablet ou lancheira. Alguém pensou nesses detalhes.

Os bancos Intelli-Seat priorizam conforto para longas viagens e há versões com tecido reciclado – ideal para o Frontera "verde, mas não pobrezinho". O ajuste do banco do motorista é amplo, mas o do passageiro não regula em altura, então quem passa de 1,85 m pode se sentir num tanque de guerra. O túnel central é baixo e força as pernas contra uma borda dura, nada confortável. As únicas superfícies macias são os apoios de braço das portas, que ainda assim podiam ser melhores – depois de três horas, é teste de resistência.

Espaço interno é destaque: porta-objetos, porta-luvas e surpresas escondidas. Vários USBs e carregador wireless refrigerado mostram preocupação com detalhes. Atrás, espaço de joelhos e cabeça é bom, com túnel central baixo facilitando o uso do assento do meio. Há luzes e alças traseiras, mas faltam saídas de ar – então o verão pode parecer sauna leve.

O porta-malas vai de 460 até 1.600 litros com bancos rebatidos – prático por qualquer medida. O piso ajustável e o vão baixo facilitam até para a vovó carregar uma melancia sem dor nas costas.

A Opel simplificou: só dois acabamentos, Edition e GS. Mesmo o Edition entrega mais do que se espera de um alemão de baixo custo: suporte para celular e tela de 10 polegadas. O GS traz tudo: CarPlay, navegação, ar digital e som decente.

Há excentricidades: a chave gira como nos anos 2000; depois, o motor demora uns segundos para ligar, como se fosse botão, só que sem botão. Os vidros abaixam com um toque, mas só sobem mantendo pressionado. Ou comandos herdados da PSA, típicos de "limpa estoque". Nada que desanime, mas lembra que o preço começa em torno de 23 mil euros e há concessões.

Se antes Frontera significava diesel ruidoso e fumaça, agora é tecnologia moderna e silenciosa. Não sobe montanhas, mas escala a escada da tecnologia com olho no meio ambiente.

São dois híbridos, ambos com motor 1.2 três cilindros da Stellantis e sistema híbrido 48V. Ao contrário dos mild hybrids simples, o Frontera traz o motor elétrico dentro do câmbio, auxiliando de fato. Os 21 kW parecem pouco, mas na cidade fazem diferença.

O câmbio automático de seis marchas é suave o suficiente para deixar marcas maiores envergonhadas. Tanto o Hybrid 100 quanto o mais forte Hybrid 136/145 usam o mesmo conjunto; se quiser mais facilidade, escolha o mais potente. Com 145 cv e 0–100 km/h em 9,1 segundos, não é esportivo, mas responde rápido na categoria. O sistema híbrido permite arrancar como elétrico puro, especialmente em baixas velocidades. Na cidade, até metade dos trajetos podem ser feitos só na eletricidade – e isso não é só promessa de catálogo.

Dirigindo, o Frontera não finge ser esportivo. A suspensão prioriza conforto e absorve buracos como um chefe de família paciente. Em curvas, rola um pouco, porém sem exagero, e a direção, mesmo não sendo afiada, é bem calibrada e previsível. Não é pesada, nem leve demais, e permanece neutra nas curvas, a não ser que se exagere – mérito da boa engenharia.

E há o Frontera elétrico. Se o híbrido é discreto, o EV é esse mesmo sujeito depois de um retiro de yoga. Com 83 kW (113 cv), acelera até 100 km/h em 12 segundos – nada de impressionante, mas a proposta é outra. O Frontera Electric serve para quem não tem pressa e quer rodar em silêncio, sem emissões. A autonomia fica em torno de 305 km com bateria de 43,8 kWh – suficiente para cidade e arredores. Uma versão com bateria maior e 400 km virá em breve. O EV é silencioso, sem vibrações e ainda mais equilibrado graças ao peso da bateria no assoalho.

O consumo híbrido oficial fica entre 5,2 e 5,3 l/100 km, na prática cerca de 6 l/100 km – um ótimo resultado para SUV compacto. Na estrada, sobe um pouco.

Ao pensar em "segurança" e "SUV compacto", muitos imaginam plástico barato e dois airbags. Mas o novo aventureiro da Opel vem recheado de tecnologia digna de segmento superior. Já na versão básica há frenagem automática de emergência para carros e pedestres, assistente de faixa com intervenção e alerta de fadiga. Piloto automático adaptativo com reconhecimento de limite de velocidade também é de série.

O GS adiciona sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, alerta de ponto cego, câmera traseira, sensores de chuva e luz e todo o pacote de assistentes. A Stellantis não economizou onde importa.

Há deslizes: o banco central traseiro não tem encosto de cabeça, melhor para criança, mochila ou parente durão. A câmera de ré poderia ser mais nítida, lembrando câmeras digitais dos anos 2000. Mas acertos não faltam: tomada 12V no porta-malas para geladeira ou churrasqueira, portas traseiras amplas para cadeirinha.

O Frontera usa a consagrada plataforma da Stellantis. Ainda sem nota no Euro NCAP, mas fundamentos para quatro ou cinco estrelas estão lá. Estrutura rígida, desenvolvimento atualizado e eletrônica moderna, mesmo se o motorista se distrair.

Concorrentes? Dacia Duster e Jogger, mais baratos cerca de 5 mil euros, porém menos equipados, e Toyota Yaris Cross, que custa 3 mil euros a mais que o Frontera. O Opel tem seus trunfos: o apelo rústico da Dacia não agrada a todos e o visual do Yaris Cross divide opiniões. O Frontera deve encontrar seu espaço.

Tem ainda o Citroën C3 Aircross – irmão de plataforma. Mesma mecânica, suspensão mais macia, visual mais divertido e interior mais simples. É ainda mais barato, especialmente a gasolina. O Citroën lembra férias descontraídas; o Frontera, dias de trabalho, tempo ruim e motorista mais sério.

Para quem busca um SUV familiar racional, bem resolvido e acessível, que não envergonha nem deixa frio, o Frontera chega pronto para o serviço, de gravata e sandálias.

Destaques do Frontera:
- Espaço e versatilidade: cinco adultos com conforto. Porta-malas (460–1.600 litros) supera rivais.
- Híbrido: econômico e ágil. Anda elétrico na cidade, encara estrada sem medo.
- Conforto e dinâmica: suspensão supera buracos melhor que muitos carros mais caros. Direção segura em altas velocidades.
- Interior moderno e simples: botões físicos, duas telas de 10 polegadas (GS), disposição lógica.
- Preço e equipamentos: a partir de €22.900 (híbrido) e cerca de €26.390 (elétrico), entrega mais que muitos concorrentes.
- Segurança: frenagem de emergência, assistente de faixa, monitoramento do motorista e seis airbags em qualquer versão. GS adiciona mais.
- Design: “Bold and Pure” significa personalidade sem exageros. Vincos e grade Vizor dão caráter.
- Soluções inteligentes: Flex-strap, elásticos nos porta-copos, fundo do porta-malas ajustável e infotainment via smartphone mostram atenção ao detalhe.

Coisas a considerar:
- Plásticos duros no interior: duráveis, mas rivais como Renault Captur têm acabamento mais agradável.
- Detalhes antigos: ignição por chave e comandos de vidro entregam que é um carro de preço acessível.
- Ruído: motor três cilindros é perceptível em acelerações – não incomoda, mas existe.
- Apenas tração dianteira: ótimo para cidade, mas quem sente falta do antigo 4x4 pode se decepcionar.
- Versão básica sem tela central: depende do celular para multimídia, o que pode não agradar a todos.

É justamente essa mistura de robustez, praticidade e bom gosto que faz a força do Frontera. O nome espanhol "Frontera" significa "fronteira". E este Opel está expandindo limites – não com revolução, mas o suficiente para fazer diferença.