Um em cada sete carros usados no Reino Unido pode ter hodômetro adulterado

Uma nova análise revela que o mercado de carros usados britânico continua marcado por manipulações ocultas. A plataforma de diagnósticos Carly identificou que mais de 16% dos veículos inspecionados apresentaram indícios de fraude no hodômetro ou adulteração de identidade.

A Carly, referência europeia em diagnósticos automotivos, divulgou dados que fariam até o comprador mais experiente repensar sua escolha. Após analisar mais de 2,5 milhões de sessões de diagnóstico e informações de 550 mil usuários britânicos, a empresa constatou que 16,25% dos veículos exibiam sinais claros de retrocesso no hodômetro ou alteração do número de chassi (VIN).

Ou seja, cerca de um em cada sete carros usados pode esconder bem mais do que simples arranhões no para-choque. A "rejuvenescimento" do hodômetro tornou-se tão comum que até veículos com revisões em dia e aparência impecável podem, na verdade, estar bastante desgastados.

O sistema da Carly conecta-se diretamente à porta OBD do carro e cruza leituras de quilometragem de várias centrais eletrônicas, inclusive aquelas inacessíveis a olho nu. O software aponta inconsistências, divergências de VIN e possíveis redefinições que uma inspeção visual tradicional dificilmente detectaria.

O estudo não identificou diferenças regionais: o problema é igualmente frequente do norte ao sul, tanto em grandes cidades quanto em áreas rurais.

Os pesquisadores destacam que, diante do cenário econômico incerto e dos preços elevados dos carros novos, a verificação digital tornou-se etapa indispensável na compra de um usado.

O relatório da Carly deixa claro: a fraude no hodômetro não desapareceu com os painéis analógicos, apenas se adaptou à era digital. E, como todo bom blefe, só funciona até o comprador fazer as perguntas certas e usar as ferramentas adequadas.