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Porta-aviões russo Admiral Kuznetsov: o único navio do mundo que precisa ser resgatado antes mesmo de zarpar

Author: auto.pub | Published on: 28.07.2025

O único porta-aviões da Rússia, o lendário e problemático Admiral Kuznetsov, carinhosamente chamado de "Kuzya", pode estar perto do fim de sua longa, e muitas vezes ridicularizada, trajetória. As opções em discussão: desmontagem ou tentativa de reestreia.

Tirado às pressas do estaleiro direto para o conflito sírio, a principal marca do Kuznetsov não foi seu desempenho em combate, mas sim a densa fumaça preta deixada em seu rastro. Observadores britânicos e franceses chegaram a debater se o navio estava pegando fogo ou apenas funcionando normalmente. Identificá-lo era fácil: bastava seguir a fumaça por quilômetros. Na Síria, a névoa talvez até tenha servido de referência para os pilotos russos localizarem sua base flutuante. Foram cerca de 400 missões, mas os momentos mais lembrados são os dois aviões que despencaram do convés, seja por erro dos pilotos, falha dos cabos de retenção, ou ambos. Ainda assim, as perdas a bordo ficaram pequenas diante da destruição causada em terra.

Em 2017, o Kuzya foi enviado para mais uma etapa de reparos. Na Rússia, porém, o inesperado é rotina. Em um dos acidentes, o maior dique flutuante do país afundou, derrubando um guindaste sobre o convés e causando danos enormes. Não bastasse isso, pouco depois o navio pegou fogo antes mesmo de qualquer inspeção ter sido concluída. Foram dias de combate às chamas, com os custos só aumentando a cada amanhecer. Ainda assim, de alguma forma, os reparos continuaram.

O debate sobre o valor de salvar o Kuznetsov se arrasta há anos. Oficiais e empreiteiros envolvidos na reforma defendem a continuidade do projeto: bilhões já foram investidos, o suficiente para construir dois porta-aviões modernos do zero, e o trabalho está longe do fim. Mas o orçamento estatal está cada vez mais apertado.

Especialistas se dividem em dois grupos: um acredita que uma potência precisa de um porta-aviões, mesmo que não navegue, voe ou lute. O outro sugere que o dinheiro poderia ter destino melhor. As hipóteses mais prováveis são venda ou desmanche. Um final adequado para uma embarcação que, em 2016, provou que até um gigante a vapor, ofegante, pode lançar aviões — se a sorte ajudar e a fumaça dispersar rápido.

E, convenhamos, quem pode culpá-los? O navio já é mais velho que boa parte dos usuários do TikTok. Com mais de 40 anos, é caro e cada vez mais obsoleto. Como todo equipamento soviético envelhecido, surge a dúvida inevitável: investir mais ou deixar que se aposente com dignidade?

Para consolo dos fãs do Kuznetsov, há o relançamento triunfal do cruzador nuclear Admiral Nakhimov. Após 26 anos de reformas intermitentes, ele finalmente voltou à água. Não se trata de uma simples repintura — é o que os russos chamam de "modernização profunda", iniciada nos anos 1990 e, surpreendentemente, concluída em 2025.

Parte da classe Kirov, o Nakhimov é um colosso da Guerra Fria: imenso, lento e projetado para uma era em que os mares eram dominados por cruzadores nucleares, não enxames de drones autônomos. Agora, para surpresa geral, o fóssil volta à ativa para mais uma missão.

A revista Military Watch Magazine, publicação pró-Rússia supostamente sediada nos EUA mas com endereço em Seul, está naturalmente entusiasmada. Segundo eles, o Nakhimov será um monstro flutuante com poder de fogo inédito: um arsenal de mísseis com mais tubos lançadores do que tanques em toda a Ucrânia. São 176 lançadores, incluindo 80 para mísseis hipersônicos Tsirkon. O que pode dar errado com milhares de toneladas de explosivos em um casco de 40 anos? O primeiro disparo parece até atrasado.

Mas para onde navegará esse cruzador imponente? Provavelmente não para o Mar Negro — o Kremlin não gostaria de vê-lo ter o mesmo destino do infame Moskva: dois impactos e silêncio eterno.

Ainda assim, é preciso reconhecer: quando seu navio parece uma arma do futuro, se move como um mamute do passado e custa mais que anos de planejamento soviético, ao menos resta afirmar: "É grande. E ainda flutua."