








Iveco S-eWay: Retórica Verde, Realidade Limitada
A Iveco apresentou seu mais recente caminhão totalmente elétrico, promovido como solução universal para tarefas que vão da coleta de resíduos urbanos à logística regional.
O discurso da empresa sobre o novo S-eWay está repleto de termos como "modular", "versátil" e "preparado para o futuro", mas os números concretos levantam dúvidas. A autonomia máxima de 400 quilômetros e a promessa de recuperar 200 quilômetros em 45 minutos de recarga rápida podem impressionar no papel, porém, em um setor que exige confiabilidade contínua, esses dados ainda são limitadores.
O S-eWay traz uma bateria de até 490 kWh, suficiente para distribuição urbana e rotas regionais curtas, mas distante do alcance dos modelos a diesel, que percorrem distâncias muito maiores com um único abastecimento. O tempo de recarga parece eficiente isoladamente, mas as operações reais dependem da disponibilidade de infraestrutura, e a rede de carregamento europeia ainda é bastante irregular.
A Iveco destaca múltiplas configurações, incluindo versões 4x2 e 6x2, diferentes entre-eixos e três opções de potência auxiliar de até 60 kW. Essa flexibilidade amplia o leque de aplicações do caminhão, mas também pode transformar-se em um desafio caro e complexo para operadores que valorizam simplicidade e previsibilidade.
Detalhes cruciais ficaram de fora do material divulgado: preço, peso total das baterias e o impacto desse volume sobre a capacidade de carga quando o caminhão atinge o peso bruto total de 44 toneladas. Não são omissões insignificantes.
Para a Iveco, o S-eWay é um passo necessário. Nenhum fabricante de veículos comerciais pode ignorar a eletrificação. Ainda assim, o caminhão está longe de ser o coringa sugerido pelo marketing. Seu verdadeiro espaço será em centros urbanos e corredores regionais curtos, onde normas ou exigências de emissão zero tornam a operação elétrica menos uma escolha e mais uma obrigação.