
TVs 3D: O Futuro Que Acabou Esquecido no Armário
Quando a tecnologia 3D finalmente aterrissou nas nossas salas de estar há alguns anos, parecia que tínhamos pulado direto para o futuro com um foguete feito de pura ficção científica. Não era só mais um truque, tipo controle remoto inteligente ou tela que dobra mais do que instrutor de ioga depois de um energético. Não, era uma promessa—um juramento solene de que você não iria apenas assistir ao filme, iria vivê-lo. Voaria por Pandora em Avatar, afundaria no Titanic e explodiria junto com cada bola de fogo que Michael Bay já detonou com carinho. Tudo que você precisava era de uma TV que custava mais que sua cozinha e um par de óculos que te deixava com cara de figurante em filme B de ficção.
E então—puf. Assim, do nada. Três anos depois, esses aparelhos milagrosos sumiram das lojas como se tivessem sido abduzidos por alienígenas da Área 51.
Claro, tudo começou no cinema. Lá nos anos 1950, quando o mundo ainda era preto e branco e propaganda de cigarro era coisa chique, distribuíam aqueles óculos de papel azul e vermelho. O povo adorou. Por pouco tempo. Mas a qualidade da imagem era tão ruim que nem cachorro topava usar aquilo.
Aí veio Avatar. A bilheteira disparou mais rápido que a autoestima do Elon Musk, e de repente começou a corrida. Samsung, Sony, LG—todas despejaram TVs 3D no mercado como se estivessem curando o tédio mundial. Se você não tinha uma TV 3D de três mil euros, era praticamente alguém que gostava de pobreza e tristeza em duas dimensões.
Só que… não era bem assim. Porque quando você finalmente arrastava aquele trambolho caríssimo para casa e ligava, a realidade batia. Precisava de óculos. Não qualquer óculos. Esses davam dor de cabeça, a pilha acabava mais rápido que sua motivação na academia, e sempre sumiam atrás do sofá bem na hora do filme.
Mesmo fazendo tudo certo, descobria que um terço das pessoas simplesmente não enxerga 3D. A natureza avisava: "Seja bem-vindo, mas… não." Alguns viam pouco. Outros, nada. E aí vinham as dores de cabeça. O enjoo. E aquela sensação de que talvez—só talvez—teria sido melhor pegar um livro.
Quando você já tinha a TV, os óculos e uma receita de ibuprofeno, caía a ficha de que essa tal "imersão em outra dimensão" se resumia a três animações, uns filmes de ação mal convertidos e o ESPN 3D passando… beisebol. Não importa o tamanho do hype, se Transformers em 3D te faz sentir que está esperando na farmácia, é porque algo deu muito errado.
E o conteúdo? Nunca chegou. Por que alguém produziria algo só para 3D, se 2D já funciona e não te faz sentir que a cabeça foi para o micro-ondas? Os estúdios desistiram. Os canais de TV pularam fora. Até os Blu-ray 3D ficaram encalhados na prateleira, como potes de sorvete esquecidos derretendo ao lado da impressora do escritório.
E quando finalmente parecia que o 3D talvez, quem sabe, merecesse uma segunda chance… surgiu o 4K. E o HDR. De repente, sua TV mostrava imagens tão nítidas que dava para ver os poros do rosto do apresentador. Sem óculos. Sem enjoo. E surpresa—todo mundo preferiu isso.
Os fabricantes, que tinham investido o PIB de um país em pesquisa para o 3D, agora estavam com galpões cheios de óculos não usados, TVs encalhadas e clientes dizendo: “Quer saber? Prefiro o bom e velho 2D.”
Em 2017, as TVs 3D foram oficialmente enterradas. LG, Sony, Panasonic, Philips—todas declararam em coro: “Chega pra nós.” Os modelos padrão voltaram para o 2D. Os óculos viraram peça de museu. E ninguém derramou uma lágrima.
Só o IMAX resistiu, agarrado ao 3D feito avô nostálgico, principalmente porque ninguém quer admitir que pagou €15 para se sentir meio enjoado por duas horas.