
Luzes vermelhas, roncos e o fim da virtude da marcha lenta: EPA de Trump declara guerra à tecnologia climática
Nos Estados Unidos, uma percepção silenciosa começa a se espalhar: as regulamentações ambientais atuais talvez não sejam mais a salvação do planeta, mas sim o mordisco burocrático de um vampiro — e o governo Trump parece mais do que disposto a fincar a estaca afiada.Se você já ficou parado no trânsito, pé no freio, motor quase em silêncio como uma prece, se achando responsável por salvar uma ou duas baleias — sob Trump, até a Agência de Proteção Ambiental está pronta para jogar essa pausa virtuosa pela janela. Nada de motor desligado no sinal vermelho. Nada de modéstia mecânica disfarçada de heroísmo.O sistema start-stop, antes celebrado como um passo pequeno porém digno na redução do barulho urbano, das emissões e do consumo, pode estar com os dias contados nos EUA. Projetado para desligar o motor nas paradas, já é padrão na Europa e na Ásia faz tempo. Mas na América de Trump, é visto menos como consciência ambiental e mais como um soluço indesejado na liberdade de dirigir — uma piada que faz seu SUV parecer estar tendo sucessivos ataques de pânico.Mas não se trata apenas de acabar com o start-stop. O objetivo é demolir a burocracia. A EPA sob Trump adota uma nova doutrina: cada nova regulamentação precisa eliminar pelo menos dez antigas. Ou seja, se algum engenheiro sonhar em instalar um filtro de diesel sob pretexto de segurança, talvez tenha que abrir mão de airbags, cintos de segurança e até do bom senso.Muitos americanos, ao que parece, preferem o carro roncando desafiadoramente em cada sinal fechado. Eles apreciam o rugido contínuo da combustão — não porque seja eficiente ou ecológico, mas porque ninguém mandou eles pararem. E, acima de tudo, valorizam um governo que não tenta ditar quando a F-150 deve se calar enquanto passa barulhenta pelo Starbucks do bairro.Isso vai ajudar o planeta a respirar melhor? Muito provavelmente não. Mas talvez, só talvez, faça alguns se sentirem mais vivos. E já que estamos nisso, será que a União Europeia poderia acelerar e proibir aquele apito irritante que dispara toda vez que você passa do limite de velocidade?